
No dia 26 de agosto, ministros, governadores, economistas eempresários se reuniram num importante seminário organizado pelaAmericas Society Council of the Americas e a Câmara Argentina deComercio,
“Um dia um grupo de homens tomou a estranha decisão de ser racionais”. Jorge Luis Borges.
Essa frase, escolhida por um panelista para finalizar sua exposiçãopoderia descrever o espírito que reinou na reunião do Council dasAméricas realizada no passado 26 de agosto em Buenos Aires e cujaorganização contou com o apoio de Aeroportos Argentina 2000.
A convicção de que a crise internacional já tocou seu piso maisagudo e que esta nova etapa da economia mundial é uma oportunidade paraa Argentina, sintetizou a coincidência de absolutamente todos ospresentes em uma reunião de grande hierarquia internacional dada tantopelos organizadores, pelos palestrantes e o auditório.
A sessão do Council se impôs em Buenos Aires. Nela participam aelite local e importantes referentes da economia internacional. Oencontro se converteu em um encontro tradicional e um âmbito real deanálise seria e de qualidade.
Nesta oportunidade, o tema da convocatória foi “Argentina:perspectivas econômicas e políticas” e as exposições estiveram a cargode ministros, governadores, funcionários e empresários, junto a titulardo Americas Society Council of the Americas, Susan Segal e ao diretordo Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo MonetárioInternacional (FMI), Nicolás Eyzaguirre.
“O mundo viveu uma recessão muito dura da que está começando a sair.Temos muitas esperanças e vemos que os mercados se repuseram maisrápido que a economia real. Ainda não se sabe como vai ser arecuperação nem a geração de emprego, mas creio que as economiasemergentes deveriam crescer mais que a dos países desenvolvidos”,afirmou Susan Segal, quem oficiou de anfitriã do encontro.
O presidente da Câmara Argentina de Comercio (CAC), Carlos De laVega, foi o encarregado de dar as boas-vindas. “Necessitamos reflexõesque ajudem a construir, nos importa mais o futuro que o passado e, maisque líderes, necessitamos projetos. Aspiramos a que a diligênciapolítica e social ajudem a encontrar coincidências, isto pede grandeparte da sociedade argentina”.
Para o diretor do Banco Central, Martín Redrado, Argentina não seviu tão prejudicada pelos efeitos da crise internacional graças adefinição de políticas corretas e a um sistema financeiro sanado. “Nãose viveu nenhum pesadelo financeiro e os economistas puderam tomar asdecisões que entenderam mais convenientes”.
“Os bancos e o dólar deixaram de ser um problema para os argentinos.Temos que desenvolver marcos flexíveis a realidade, porem sólidos. Nãohouve sorte se não uma boa análise econômica”, destacou.
Ao seu turno, o diretor do FMI, Nicolás Eyzaguirre, sustentou que acrise internacional que começou em setembro passado foi “a mais fortedepois da segunda guerra mundial”, que “a caída livre se deteve” e ha“zonas no mundo nas que o elevador começa a subir”.
Eyzaguirre advertiu que se bem a grande retração se interrompeu,pode haver novas nuvens de tempestade, mas já não da magnitude desteúltimo ano. Também sinalou que o panorama não é similar em todo o mundoe que assim como ha países que já estão melhorando seu desempenho,estão os que “já não caem tanto como os de Europa e Estados Unidos eoutros que “ainda tem uma grande contração como os de Europa do Leste”.
Para ele “deve haver uma menor presença oficial e uma maior presençaprivada”. Também considerou que “tem que retirar-se Ocidente e entrarOriente. Como consumidores é o momento da preponderância de mercadoscomo os de China, Brasil, Índia e Rússia”.
Eyzaguirre considerou que “Latino América estava melhor preparadapara sentir o impacto ao contar com um sistema financeiro sólido. Aperspectiva para a região é bastante heterogênea; Caribe e México estãoainda bastante comprometidos, mas ha melhores expectativas para osprodutores de commodities como Brasil, Peru, Chile e Argentina, graçasao aumento da demanda de China”.
“A arte da política econômica é analisar bem os quadrantes para posicionar-se o melhor possível”, finalizou Eyzaguirre.
“É muito bom que nos acerquemos ao Fundo de volta. É um FMI que seha modernizado, que ha mudado e tem claro que o crescimento argentinodos últimos anos se deu pela heterodoxia e não pela via ortodoxa queimpulsionavam eles nos noventa. Fora disso, me preocupa a confrontaçãopolítica que vivemos”, afirmou Ernesto Gutiérrez Conte, presidente de AA2000, ao ser consultado pelos jornalistas que cobriam o seminário.
Ministros, governadores e empresários coincidiram em passar a manhã da quarta-feira 26 no Hotel Alvear.
O chefe de Gabinete, Aníbal Fernández; o chefe de governo portenho,Mauricio Macri; a titular do Council, Susan Segal e o presidente daCAC, Carlos De la Vega, inauguraram o encontro.
Depois foi a vez dos governadores das províncias de Salta e Chubut, Juan Manuel Urtubey e Mario Das Neves, respectivamente.
O primeiro painel foi protagonizado por empreendedores exitosos enele participaram: Susana Balbo da bodega Dominios del Plata; MartínMigoya, de Globant; Marcos Galperín de Mercado Livre e Adolfo Rouillonde Congelados del Sur.
O segundo painel se referiu a visão dos líderes legislativos ereuniu a Francisco de Narváez (Deputado da União PRO); Agustín Rossi(Deputado de Frente para a Victoria); Ernesto Sanz (Senador da UCR) yfoi moderado por Eduardo Amadeo, presidente do Observatório Social.
Como solistas expuseram: Débora Giorgi, ministra de Produção; MartínRedrado, presidente do Banco Central; Nicolás Eyzaguirre, Diretor doDepartamento Hemisférico do FMI; Mario Blejer, diretor do BancoHipotecário e Amado Boudou, ministro da Economia.